“Fora!” “Basta!”: a atuação da imprensa brasileira no golpe de 1964 e na ditadura militar (1964-1985)
Palavras-chave:
Ditadura Militar; Imprensa; Imprensa Alternativa; Golpe de 1964.RESUMO
A memória consagrada tem na imprensa uma grande força de resistência à ditadura militar por ter enfrentado a censura e defendido a liberdade de expressão. Considerando que a escrita da História envolve o exercício crítico de questionar as “visões consagradas do passado” (ALBUQUERQUE JR, 2012, p. 37), problematizar essa memória é fundamental para entender um dos períodos mais conturbados e complexos já vividos pelo Brasil. Construída ao longo dos anos pelos próprios veículos de comunicação, essa memória de resistência traz um “apagamento” da participação da grande imprensa no processo que culminou com o golpe de Estado civil-militar de 1964 e também da sua adesão à ditadura. Este artigo abordará o posicionamento de alguns dos principais jornais brasileiros no período de articulação do golpe e como a atuação da imprensa colaborou no desenrolar do processo que culminou em 21 anos de ditadura. Como contraponto será analisada a postura da imprensa alternativa, que teve atuação diametralmente oposta à dos grandes veículos de comunicação, abraçando a luta de resistência ao regime autoritário.
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