Os debates sobre corporativismo nas páginas integralistas de A Offensiva: o comunismo como fator de desintegração nacional (1934-1935)

 

  • Júlio Bueno Rosa NetoUniversidade Federal de São Paulo

Palavras-chave: 

1. Ação Integralista Brasileira; 2. Corporativismo; 3. Anticomunismo; 4. A Offensiva; 5. Trabalhadores

RESUMO

O período do entreguerras ficou marcado pela crise do liberalismo e pelo avanço das ideias socialistas no continente americano. Nesse contexto, o corporativismo emergiu como uma solução da questão social nos países latino-americanos. No Brasil, o corporativismo foi amplamente discutido nos periódicos de diferentes movimentos políticos de extrema-direita, entre eles a Ação Integralista Brasileira (AIB). Este artigo pretende analisar o anticomunismo presente na formulação do projeto corporativista e do pensamento do Estado Integral na visão dos colaboradores integralistas nas páginas de A Offensiva (RJ), o jornal de maior circulação nacional da AIB durante os anos 1930. Desse modo, o artigo tem o intuito de investigar a corrente fascista do corporativismo no Integralismo Brasileiro vinculada a Miguel Reale, objetivando apontar o comunismo como o seu principal inimigo e promotor de uma desintegração da unidade nacional harmoniosa e homogênea. Para analisar os desdobramentos a respeito do projeto corporativista, do anticomunismo declarado no jornal e a relação da AIB com os trabalhadores, utilizarei os números do jornal A Offensiva publicados entre 1934 e 1935, privilegiando a investigação de sua seção sindical, Proletariado.

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