Um rabo de burro para Pinochet: a resistência à ditadura chilena na obra A aventura de Miguel Littín clandestino no Chile
Palavras-chave:
Gabriel García Márquez, Movimentos de Resistência, Ditadura Chilena, História e LiteraturaRESUMO
O objetivo desta pesquisa foi compreender de que modo a resistência à ditadura chilena aparece representada na obra A aventura de Miguel Littín clandestino no Chile, de Gabriel García Márquez. Além disso, buscou-se refletir sobre o papel de resistência e denúncia desempenhados pela própria obra, considerando-se a censura vigente dentro do Chile e a repercussão que alcançou em outros países em um momento de crescente fragilização do regime pinochetista. Observamos que quatro ações coletivas e organizadas da resistência chilena foram citadas no livro de García Márquez: as redes de solidariedade no exílio, a Vicaría de la Solidariedad, as Jornadas de Protesto e a Frente Patriótica Manuel Rodríguez. Ao representar as ações desenvolvidas por esses grupos, o autor procurou reforçar sua coesão e capacidade operativa, ao mesmo tempo que destacou a violência da ditadura e o fato de que o aparato de segurança do regime se mostrava vulnerável diante dos resistentes. Em um contexto marcado pela repressão e pela censura, a obra A aventura de Miguel Littín clandestino no Chile assumiu compromissos políticos. O reforço das características positivas dos grupos de resistência somado ao ocultamento de suas divergências internas parece responder à necessidade de reafirmar a mensagem de que as ações de enfrentamento à ditadura representavam uma ameaça real para o regime, capaz de desestabilizar seus alicerces. Considerando-se a repercussão de uma obra assinada por García Márquez, o livro cumpriria, assim, o papel de denúncia e provocação (da ditadura) e de propaganda, homenagem e mobilização (da oposição).
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