A genealogia da micro-história de Carlo Ginzburg: História, narrativa e ficção

 

  • Reginaldo Sousa ChavesUniversidade Estadual do Piauí (UESPI)

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo discutir a genealogia da micro-história de Carlo Ginzburg, escrita do ponto de vista de sua trajetória intelectual e que está presente no texto Micro-história: duas ou três coisas que sei a respeito (1994), publicado no livro O Fio e os rastros: verdadeiro, falso, fictício (2006). Propomos uma interpretação a partir da ênfase nos aspectos autobiográficos do ensaio, buscando identificar seus avanços e impasses. Elaboramos nossa leitura sem descuidar de um dos motivos centrais do ensaio: as críticas do autor às teses céticas e relativistas dos teoristas pós-modernos. Por isso, discutimos as relações entre História, narrativa e ficção. Ligamos o texto, sempre que possível, às obras e autores pertinentes ao debate. Assim, não propomos neste artigo uma discussão ampla sobre micro-história, mas traçamos, tanto quanto possível, uma leitura cerrada da genealogia pessoal que abarca a reflexão que o historiador italiano propõe sobre o tema. Por fim, apresentamos algumas considerações finais.

BIOGRAFIA DO AUTOR

Reginaldo Sousa Chaves, Universidade Estadual do Piauí (UESPI)

Professor Assistente II da Universidade Estadual do Piauí (UESPI). Doutor em História Social pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Mestre em História do Brasil e Especialista em História Cultural pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Trabalha os seguintes temas: leitura histórica de textos literários, ficcionalidade da História e Teoria da História. Pesquisa a relação entre História, arte, temporalidade e cultura no Brasil nas décadas de 1950 a 1960 com ênfase no surrealismo e nas obras de Roberto Piva e Jorge Mautner.

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