Pedro Zulen Aymar nos campos de batalha da memória e da historiografia
RESUMO
O objetivo deste artigo é analisar a produção bibliográfica escrita sobre o peruano Pedro Salvino Zulen Aymar (1889-1925). Zulen foi um intelectual que, no início do século XX, estava ligado às lutas e demandas de vários movimentos sociais; no entanto, é um personagem a quem a historiografia peruana dominante hoje não presta a devida atenção. A questão que articula todo o texto é o motivo desse desinteresse. Para responder a essa pergunta, o artigo está dividido em três partes que respeitam a cronologia da bibliografia. Na primeira parte, são avaliadas as opiniões que Zulen despertou em seus contemporâneos, apontando que essas avaliações enfatizavam sua capacidade intelectual e sua participação ativa nas lutas sociais da classe camponesa. Após esse período, Zulen foi esquecido nos movimentos sociais e também no campo acadêmico. Na segunda parte, estuda-se a recuperação de Zulen no campo acadêmico, sugerindo que naqueles anos foram abertas duas grandes linhas de pesquisa sobre ele. A primeira foi o estudo de suas contribuições para o desenvolvimento da filosofia no Peru e a segunda foi a pesquisa sobre seu ativismo na Associação Pró-Indígena pelos direitos da classe camponesa peruana. Finalmente, na terceira parte, a parte central, a produção de Zulen é analisada no contexto do domínio da historiografia revisionista peruana, uma tendência historiográfica que silencia a história de personagens que questionavam a democracia burguesa. Com isso, o artigo levanta uma reflexão maior sobre uma das características da historiografia dominante no Peru atual.