Teoria Marxista da Dependência e trotskismo: a crítica ao dualismo estrutural e ao caráter democrático burguês da revolução brasileira

 

  • Henrique de Bem LignaniUniversidade Federal Fluminense

RESUMO

 O presente artigo tem por objetivo analisar as relações (na maioria das vezes implícitas) existentes entre a Teoria Marxista da Dependência (TMD) e o trotskismo. Para isso, analiso em um primeiro momento algumas das contribuições teóricas fornecidas a partir da TMD, inserindo-as em seu contexto de formulação, durante os críticos anos 1960-70 no Brasil. Identifico, assim, que as propostas dos teóricos dependentistas para a interpretação da realidade brasileira se contrapunham às análises dualistas, até então a visão hegemônica no interior da esquerda. Questionava-se também a conclusão política decorrente do dualismo, qual seja, o entendimento de que a superação do “atraso” nos países “subdesenvolvidos” passava pela realização de uma revolução democrático burguesa. Nesse sentido, estabeleço um paralelo entre os referidos aspectos levantados pela TMD e a obra de Trotsky, especificamente a “lei do desenvolvimento desigual e combinado” e a teoria da revolução permanente. Tais elementos haviam permitido a Trotsky identificar a existência de uma dinâmica própria no desenvolvimento capitalista dos países “atrasados”, o que possibilitaria um “salto de etapas” no seu desenvolvimento revolucionário. Por fim, analiso também textos produzidos por organizações trotskistas brasileiras durante as décadas de 1930 e 1940, cujas análises e atuação político-revolucionária, de certa forma, anteciparam algumas das críticas posteriormente formuladas pela TMD ao pensamento dualista e ao suposto caráter democrático burguês da revolução brasileira.

BIOGRAFIA DO AUTOR

Henrique de Bem Lignani, Universidade Federal Fluminense

Mestrando no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense (PPGH-UFF). Bolsista CNPq.

REFERÊNCIAS

Periódicos

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